Não
fui menino
que entrasse
de graça
nos circos.
Não
tinha jeito
de correr
atrás
do palhaço,
gritando
a propaganda
para ganhar
a entrada.
Também
não
tinha coragem
de entrar
por baixo
do pano,
escondido,
como
faziam os
colegas
de escolas
e da rua.
Meu
pai tinha
sempre que
pagar meus
ingressos,
quando
eu não
conseguia
ganhar dinheiro
vendendo
coisas na
feira, nas
manhãs
de sábado.
No circo,
com ingresso
pago,
eu
entrava
sempre de
roupa limpa
bem
engomada
por mamãe,
sapatos
brilhando,
cabelos
lisinhos
de glostora
ou de brilhantina,
levando
a melhor
cadeira
de nossa
sala-de-visita.
Menino
que entrasse
sujo e descalço,
quase
sempre tinha
que ajudar
o palhaço,
ou
mesmo servir
de amarra-cachorro
nos
momentos
de intervalos.
E
como fazer
isso, à
vista das
namoradas
?
Há
pouco tempo,
fui, em
Mirabela,
a
um circo
pobrezinho,
de
lona quase
caindo aos
pedaços,
um
chão
poeirento
que fazia
dó,
as
arquibancadas
velhas como
o vendedor
de ingresso.
A trapezista
e o equilibrista,
coitados,
a gente
não
sabia se
admirava
ou tinha
pena...
Parecia
até
história
do circo
do Adauto
Freire,
a estória
de um circo
que acabou
em Bocaiúva,
que
ele contava
com muita
graça
!
O circo,
uma coisa
gostosa,
quanta
saudade
renova
na gente!
O
que estava
em Mirabela
também
era um
circo!
Era
um circo
e tinha
palhaço!
Um
palhaço,
mesmo
descalço
como o
daquele
circo,
representa
um mundo
de fantasias,
um
maravilhoso
elenco
de gestos
e trejeitos,
uma
poesia
eterna
de um
doce sofrimento
que,
mesmo
para o
desprezados,
fazem
da vida
um alegre
motivo
de viver
!
Um
palhaço,
sabendo
ganhar,
sabendo
perder,
sempre
com esportiva
e conformado,
é
o que
mais representa
o circo,
é
um pouco
de tudo
que todos
nós
deveríamos
ser,
talvez
como a
única
maneira
que poderíamos
agir
para nunca
deixarmos
de ser
felizes...
Wanderlino
Arruda